sábado, 20 de junho de 2009

As Provações e os Cuidados


Por que as provações? Não importa o caminho que seguimos (muitos acreditam que somos nós que escolhemos o Caminho, mas é ele que nos escolhe) sempre teremos provações, pois elas não vêm com o caminho e sim com a vida. A vida é a arte de aprender a superar as dificuldades e abraçar a ajuda visível e invisível.

Quando eu estive em Manaus, quando tive que deixar o Encontro Internacional antes de seu término, quando vi minha mãe desamparada, tão enferma... o que me fez ajudá-la foi minha fé que estamos incondicionalmente apoiados, amparados. O carinho, os conselhos que recebi me deram forças para não balançar na fé da força que a comunidade encerra. Claro que queria que minha mãe ficasse bem, mas percebi que os alarmes de doenças são uma dádiva, um momento para nos preparar para a grande viagem para o outro lado do Rio. Aproveitar cada minuto para VIVER tudo o que não vivemos até então com nossos entes queridos.

No momento a Luiza Lacroix está com sua mãe bastante debilitada. A Célia está com sua mãe no CTI. A Valéria está com a irmã e o pai muito doentes (entrando e saindo de internações), a Martha, com o pai sem poder caminhar a Silvia com a mãe saindo de uma cirurgia séria... Muitos outros com familiares precisando de cuidados. Cuidados, a grande arte de cuidar. Olhar a cada um que precisa de cuidado com os olhos do amor incondicional. Abrir o coração e cuidar. Mas tem algo que o Caminho Vermelho nos ensina: cuidar com desapego. Esse é um grande desafio, mas também um grande aprendizado. Isso é ensinado pelos nativos quando eles nos ensinam a doar nossos tambores até 4 anos após sua confecção (no caso dos Ojibways) ou quando repartimos nossos bens com os mais necessitados (visão geral dos nativos devido à sua consciência coletiva). As viagens xamãnicas nos podem ajudar a ter uma perspectiva mais ampla sobre a situação, além de ajudar na recuperação do doente e nas forças esvaídas do cuidador...

Portanto, ao pedir ao Grande Espírito pela saúde de alguém doente, não podemos esquecer de pedir o apoio necessário para os cuidadores. Que tenham forças e se sintam amparados. Podemos pedir que os caminhos se abram, para que estejam no momento certo, no lugar certo.

Isso é o pouco que sei sobre cuidados. Foi o que ouvi dos mais velhos, do que experimentei nessa vida e é o que tenho a dizer no momento.
Mulher Beija-flor.